Conheça novos nomes que devem compor a bancada evangélica
Só 4% dos candidatos com títulos religiosos foram eleitos no Congresso
O uso de títulos religiosos na campanha para uma vaga no Congresso Nacional geralmente remete à “bancada da Bíblia”, como é chamada a união das bancadas evangélica e católica na Casa de Leis.
Contudo, candidatos que recorreram a esse expediente na tentativa de amealhar votos dos seus irmãos de fé, não tiveram muito sucesso em 2018. Este ano foram eleitos apenas 24 parlamentares ligados a cargos ou com nomes de urna religiosos. Isso significa apenas 3,6% dos 666 candidatos a vagas na Câmara, no Senado e em Assembleias estaduais.
O maior derrotado foi o PSC – Partido Social Cristão – que é religioso até no nome. Campeão em indicações, não viu sair vencedor nenhum de seus postulantes que recorreram a títulos.
O levantamento do portal UOL analisou os nomes dos que se registraram na Justiça Eleitoral com a profissão de “sacerdote ou membro de ordem ou seita religiosa”. Também considerou os que usaram os títulos de “padre”, “pastor”, “apóstolo”, “bispo” ou “missionário”.
O PSC tinha o maior número de candidatos religiosos (78), seguido pelo Patriota (44) e pelo PTC (38). Quem teve melhor desempenho foi o PRB (Partido Republicano Brasileiro) que teve oito eleitos.
Os dados preliminares mostram que apenas apresentar-se como líder religioso não é o suficiente para garantir o sucesso nas urnas. O brasileiro parece estar buscando outro perfil, uma vez que 79 dos eleitos para cadeiras no Congresso Nacional e nas assembleias legislativas do país usavam títulos militares ou policiais. São dois senadores, 22 deputados federais e mais de 60 cadeiras nas assembleias legislativas.
Curiosamente, este ano o candidato à presidência Daciolo (Patriota) ostentava o título de cabo, sua patente no corpo de bombeiros, mas ficou conhecido mesmo por seu discurso religioso.
Um dos novos eleitos que também amalgama as duas coisas é Pastor Sargento Isidório (Avante), o mais votado para a Câmara Federal na Bahia, com 323.264 votos. Do mesmo estado vem Abílio Santana (PHS), renomado pregador pentecostal.
Títulos em baixa
Nenhum dos 110 candidatos que optou pela alcunha “irmã” ou “irmão” se elegeu. Metade dos 24 eleitos ao Congresso este ano, 13 apresentavam-se como “pastor”.
Dois vieram da Bahia e de Pernambuco saiu outra dupla de líderes evangélicos para a Câmara: Pastor Eurico (PATRI) e Bispo Ossésio (PRB).
Em 10 estados e no Distrito Federal não foram eleitos nenhum candidato usando o título religioso. Mais de 1/3 dos estados não elegeu nenhum religioso.
São Paulo, estado que tinha o maior número de candidatos religiosos (78), viu apenas Marco Feliciano (Podemos/SP) comemorar. O líder da Catedral do Avivamento foi o décimo colocado para a Câmara Federal, com 239.784 votos.
Com grande população evangélica, o Rio de Janeiro também não elegeu ninguém usando esse tipo de título. O estado em que a capital é governada pelo bispo licenciado da IURD Marcelo Crivella (PRB), lançou 76 concorrentes ao pleito que ostentavam o título religioso. O mais conhecido era o Pastor Everaldo (PSC), que já foi candidato à presidência. Ele ficou em oitavo lugar na disputa pelo Senado, com apenas 2,58% dos votos.
Outros que tentaram (sem sucesso) chegar ao Senado foram o músico Irmão Lázaro (PSC), da Igreja Batista, e Fadi Faraj (PRP), da Comunidade Cristã Ministério da Fé no Distrito Federal.
Entre os 666 candidatos que apelaram para os títulos identificados pelo UOL, 635 eram ligados a uma igreja evangélica. Curiosamente, os três candidatos católicos eleitos com esse tipo de nomenclatura foram Padre João (MG), Padre Pedro (SC) e Frei Anastácio (PB), deputado federal desde 1999. Todos são do PT.
Veja a lista de religiosos eleitos:
Deputados federais
Bispo Ossésio (PRB/PE)
Frei Anastácio (PT/PB)
Padre João (PT/MG)
Pastor Abílio Santana (PHS/BA)
Pastor Eurico (PATRI/PE)
Pastor Gildemyr (PMN/MA)
Pastor Manuel Marcos (PRB/AC)
Pastor Marco Feliciano (PODE/SP)
Pastor Sargento Isidório (AVANTE/BA)
Deputados estaduais
Apóstolo Luiz Henrique (PATRI/CE)
Fábio Freitas (PRB/PA)
Felipe Estevão (PSL/SC)
Missionário Ricardo Arruda (PSL/PR)
Pastor Alex Silva (PRB/RO)
Pastor Cavalcante (PROS/MA)
Pastor Cleiton Collins (PP/PE)
Pastor Gessivaldo (PRB/PI)
Pastor Oliveira (PRB/AP)
Padre Pedro (PT/SC)
Pastor Tom (PATRI/BA)
Pastor Wagner Felipe (PR/AC)
Pastor Marcus Mansur (PSDB/ES)
Sergio Motta (PRB/SC)
Sergio Peres (PRB/RS)