Ditador da Coreia do Norte faz convite ao papa, enquanto perseguição religiosa continua
O convite será entregue oficialmente pelo presidente da Coreia do Sul em uma visita que fará ao Vaticano.
O papa Francisco será convidado pela Coreia do Norte a se encontrar com o ditador comunista Kim Jong-un na capital norte-coreana, Pyongyang, conforme anunciou na última terça-feira (9), o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in.
Segundo o porta-voz da Casa Azul, Kim Eui-kyeom, o convite será entregue por Moon quando ele se encontrar com o pontífice durante sua viagem à Europa na próxima semana.
Moon, que também é católico, deve ser recebido pelo papa no Palácio Apostólico do Vaticano em 18 de outubro.
“O presidente Moon visitará o Vaticano em 17 e 18 de outubro para reafirmar sua bênção e apoio à paz e estabilidade da península coreana”, disse Kim, segundo o Channel News Asia. “Especialmente quando ele se encontrar com o Papa Francisco, ele transmitirá a mensagem do Presidente Kim de que ele o receberá calorosamente se visitar Pyongyang”.
De acordo com o gabinete presidencial sul-coreano, Kim disse a Moon durante o encontro que tiveram no mês passado que o Papa Francisco seria “entusiasticamente” bem-vindo à Coréia do Norte.
A Coreia do Norte é dirigida por uma ditadura comunista, liderada pela dinastia Kim, conhecida por sua brutal repressão à liberdade religiosa e repressão a tudo que considera “atividades religiosas ilegais”. A adoração não sancionada pelo Estado na Coreia do Norte precisa ser feita em segredo devido ao medo de prisão.
A Coreia do Norte mantém cerca de 300 mil cristãos presos em campos de trabalho forçado, simplesmente porque realizaram, participaram de um culto de adoração a Jesus ou sob acusação de outros crimes, como a “deserção”.
O pior país do mundo para os cristãos
A Coreia do Norte é consistentemente classificada como o pior país do mundo quando se trata de perseguição aos cristãos, de acordo com o grupo de vigilância Portas Abertas (EUA).
Quando perguntado sobre o convite, o Vaticano não fez comentários sobre a probabilidade de que uma reunião entre o Papa Francisco e Kim realmente possa acontecer, de acordo com a Associated Press.
O convite é outro exemplo da disposição de Kim em participar de relações diplomáticas. Ao longo dos anos, sob a liderança de seu pai e de seu avô, a Coreia do Norte tornou-se conhecida como um estado isolado do resto do mundo.
Em junho, Kim se reuniu com o presidente dos EUA, Donald Trump, em Cingapura, onde um acordo foi feito para supostamente trabalhar para a desnuclearização da península coreana.
Kim também se reuniu com o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, no domingo, na Coréia do Norte. Espera-se que uma segunda reunião entre Kim e Trump aconteça o quanto antes. Trump disse aos repórteres na terça-feira que a segunda reunião não será em Cingapura.
“Está acontecendo”, disse Trump. “Estamos configurando agora.”
O convite para Francisco veio depois que o Vaticano recentemente firmar um acordo provisório com autoridades do Partido Comunista da China sobre a nomeação de bispos chineses. Segundo o acordo, o papa reconheceu sete bispos nomeados pelo governo chinês que haviam sido anteriormente excomungados.
Alguns críticos classificaram o acordo como uma “traição” aos cristãos da China, dado o registro alarmante da China sobre a violação dos direitos humanos e a restrição de atividades religiosas no país.