Fé em Deus e muita oração são os segredos do tetra do Cruzeiro, revelam bastidores
A referência a Deus na conquista do quarto título nacional do Cruzeiro, no último domingo, é a expressão pública de uma rotina de bastidores movida a oração e amizade entre os atletas, tocada pelas esposas e namoradas de todos os jogadores do elenco.
A revelação desse incomum acordo num time de futebol foi feita por Sandra Maciel, esposa do goleiro e capitão Fábio, em entrevista à ESPN. Segundo ela, a rotina de oração com as companheiras dos jogadores surgiu em 2013, durante uma disputa eliminatória.
“Começou depois da Copa do Brasil, quando fomos eliminados lá no Rio, para o Flamengo, no finalzinho, e as esposas viram os maridos muito tristes e resolveram se unir. A gente se encontrou e se perguntou o que podíamos fazer por eles. ‘Vamos orar’. A gente começou a se reunir toda semana, temos um grupo com todas as esposas. Oramos pela vida deles, fortalecendo o físico, o emocional, livrando de lesões”, disse Sandra.
A esposa de Fábio, que também é evangélico, revela que a dedicação das esposas à oração é equivalente à dos jogadores em campo. “Não paramos nunca com isso, nem no fim do ano passado. Oramos por contratações também. As esposas se reúnem e eles também têm o grupo deles de oração. A gente tem o ‘Relógio da Oração’, quando cada esposa tem sua hora para orar. A gente vira 24 horas orando, na véspera do jogo. E não é para a vitória, é para acrescentar o que Deus tiver que acrescentar”, ponderou.
A ideia para o “Relógio da Oração” partiu da esposa do lateral direito Ceará, que é pastor e um dos líderes espirituais do elenco. A proposta é que, durante as 24 horas do dia, em nenhum minuto a oração cesse, e essa meta é distribuída entre as 32 esposas/namoradas dos atletas.
“Na véspera de jogo a gente começa 24 horas antes a orar. A gente se divide para não passar nenhum momento do dia sem orar. Cada uma fica meia hora, por exemplo. Tem de acordar de madrugada e orar”, revelou Sandra. Desde a derrota para o Flamengo no Rio em 2013, o Cruzeiro jogou outras 95 partidas, o que significa 2880 horas de intercessão.
O bandeirão que chamou a atenção por glorificar a Deus pela conquista foi ideia de Sandra, e concretizado por todas as esposas de jogadores. O rateio para a confecção do bandeirão foi feito entre todos os jogadores, sem exceção.
“Nós tivemos uma reunião neste ano e eu tive a visão de um bandeirão. Levei isso a sério e colocamos para os atletas e eles gostaram. Todos eles. Não ficou nem um fora. Isso é muito lindo. É muito unido. Não tem quem fique fora. E não é religião, é essência de vida. A gente agradece por tudo que Deus faz. A gente fez a camisa igual a do bandeirão e outra também, se ganhasse ou perdesse, não importaria. É uma fé muito grande, uma conexão enorme. O que Deus tem feito no Cruzeiro não se explica. Para a gente trazer o bandeirão aqui hoje foi muito difícil. Todo mundo junto. A diretoria do Cruzeiro, a Minas Arena, todo mundo. Foi difícil”, contou a esposa de Fábio.
O último estágio para colocar a ideia em prática era contar com a colaboração dos torcedores, e para isso, foi necessário entrar em contato com a torcida organizado do clube celeste.
“A gente precisava da torcida para abrir o bandeirão. E eu falei com o menino da Máfia Azul, o Quick [presidente da torcida], que os meninos queriam muito essa bandeira. E ele topou na mesma hora. E durante o processo, as orações também eram assim. E aí combinaram o seguinte com os jogadores: para levantar na hora de entrar, na hora que sair gol e no final, se campeão. Choveu muito, escorreu muita tinta. Mas deu certo. As esposas se uniram muito hoje”, explicou Sandra.
De última hora, a ideia enfrentou outro obstáculo: como havia uma mensagem de fé, o processo de liberação do bandeirão enfrentou muita burocracia. “Foi muito difícil. Chegou uma hora que falaram que não ia dar certo porque tinha mensagem religiosa. E a gente começou a orar para dar certo. Foi a hora que o Cruzeiro tomou a frente para fazer acontecer. A gente precisa agradecer. O Cruzeiro teve de mandar um ofício para a Minas Arena. Valeu muito a pena. A gente faria isso de qualquer jeito hoje, não importaria se a gente perdesse”, finalizou.
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