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Lutadores compartilham golpes e fé no octógono

Lutadores compartilham golpes e fé no octógono
janeiro 08
21:32 2015

Centenas de igrejas estimulam seus membros a trocarem socos e pontapés

Quando o ministério Atletas de Cristo começou a se popularizar no Brasil, muitas críticas surgiram por que a prática de esportes era condenada por diferentes denominações. Mesmo assim, o movimento cresceu e tornou-se comum ver jogadores de diferentes esportes dando glória a Deus por suas conquistas. Alguns falam em se tornar pastores quando pendurarem a chuteira. O bicampeão Cruzeiro, por exemplo, possui uma rede de intercessão formada pelas mulheres dos jogadores.

Também há atuação destacada de vários outros esportistas evangélicos, como o campeão mundial de surfe, Gabriel Medina. Mais recentemente, a popularização do MMA revelou ao mundo vários lutadores que além de golpes compartilham um pouco de sua fé no octógono. Mas esse ainda é um esporte que gera críticas entre os evangélicos.

Ou gerava. Estima-se que mais de 700 igrejas evangélicas norte-americanas já possuem programas ministeriais que oferecem MMA aos fiéis. Esse fenômeno teve destaque ainda maior com o lançamento do documentário “Igreja da Luta”, que mostrava pastores trocando socos no octógono.

MMA é a abreviação de Mixed Martial Arts, que inclui uma combinação de vários estilos de luta, como muay-thai, kickboxing, jiu-jitsu, luta greco-romana e boxe tailandês. Lutadores se enfrentam trocando socos, chutes, joelhadas, cotoveladas até conseguir “finalizar” seus adversários.

É inegável a popularidade do esporte, com lutas sendo transmitidas para o mundo inteiro. Mas a noção de que o Cristianismo e MMA são incompatíveis varia de uma igreja para a outra.    A explosão de popularidade nos EUA tem a ver com as novas formas que as igrejas têm usado para atrair os jovens, numa época em que se multiplicam os “desigrejados”. De fato, em alguns casos tem dado resultado e atraído um público crescente. Já existe inclusive a Jesus Didn’t Tap [Jesus não pedia pra sair], uma marca de roupas e acessórios voltadas exclusivamente para cristãos praticantes do esporte.

A percepção de Jesus como um “guerreiro” está no centro do ethos cristão. Pastores famosos como Mark Driscoll defendem abertamente que cristãos pratiquem MMA.  “Como pastor, como um professor de Bíblia, acho que Deus fez homens para o combate, para o conflito, os homens são feitos para domínio”.

Recentemente, questionaram o lutador profissional Scott “Bam Bam” Sullivan, “Você pode amar o seu próximo como a si mesmo, e ao mesmo tempo dar uma joelhada no rosto tão forte quanto conseguir?”. Sua resposta foi sincera: “Lutas não combinavam com a minha vida de oração, pois estimulam apenas a minha carne”. Mesmo assim, ele continua praticando o esporte.

Não é incomum ver lutadores famosos falarem abertamente sobre Jesus nas entrevistas. Jon Jones e Vitor Belfort ficaram conhecidos por suas demonstrações de fé.  Ambos têm tatuagens com versículos bíblicos e o brasileiro luta com um calção onde se lê “Jesus”.

Curiosamente, ambos foram flagrados em testes antidoping. Belfort por usar testosterona e Jones pelo consumo de cocaína.  Jones, que ocupa o primeiro lugar geral no ranking do UFC no momento faz tratamento para sua dependência em uma clínica de reabilitação.

Aos poucos a popularidade nas igrejas brasileiras também vai se firmando. A Igreja Renascer promove com regularidade lutas em octógonos montados dentro dos templos. Mesmo assim, a polêmica continua. Ariovaldo Júnior, pastor do Manifesto Missões Urbanas, afirma: “Eu não vejo embasamento bíblico favorável, mas também não vejo o contrário… Nosso modelo de ‘cristão ideal’ está mais pra figura de uma mulher do que pra um homem de verdade. A propósito, lutas de diversos tipos foram contemporâneas de Jesus e de Paulo (que viveu inclusive em Roma), porém não vemos nenhuma recomendação contrária à prática esportiva”.

Já o pastor Geremias do Couto, da Assembleia de Deus, considera o esporte inadequado para o cristão. “Respeito quem participa e assiste (a tentação é grande!), mas a violência que o caracteriza conflita com os princípios de vida do Cristianismo. Há outros esportes saudáveis que podem muito bem atender a nossa necessidade de entretenimento e, sobretudo, de cuidados físicos.”

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