Citando B.B. King ao falar de música, pastor afirma: “Nem tudo que é sagrado é religioso e nem tudo que é secular é profano”
‘Música do mundo’? – “Melhor um lamento sincero de um blues do que uma fé falsa cantada na música gospel de hoje”, defende Gerson Borges
Pastor na Comunidade de Jesus em São Bernardo-SP, Gerson Borges, que também é escritor, músico e poeta, escreveu um artigo intitulado “B.B. King e a ‘música do mundo'” trazendo à tona um assunto que diverge opiniões.
Considerado o gênio do blues, B.B. King faleceu no dia 15 de maio e sua história ganhou destaque na mídia. Os biógrafos de King, como Sebastian Danchin, destacam que o rei do blues cantava gospel, mas aquele gospel que derivou dos escravos convertidos. No artigo, Gerson afirma que o músico chegou a cantar com a banda ‘The Famous St. John Gospel Singers’.
De acordo com o pastor, nenhuma novidade nesse fato. “O ponto é que não lhe era permito cantar e tocar blues, considerada “música do diabo”. Este é o mesmo problema que Bono Vox e The Edge, da banda U2, tiveram quando se converteram e entraram para a comunidade ‘Shalom Christian Fellowship’, em Dublin”, diz ele, frisando que esses músicos chegaram a ouvir ‘Toquem música de louvor, rapazes’, de seus líderes.
“Até quando teremos que aguentar essa visão teologicamente equivocada da música (da arte, em geral)? Até quando confundiremos música para o culto com música cristã? Até quando acharemos que música que não seja litúrgica, isto é, que não possa entrar na ordem dos hinos e cânticos do culto dominical, é necessariamente… profana? Nem tudo que é sagrado é religioso e nem tudo que é secular é profano.”, escreve Gerson Borges.
Em seguida, no texto, o autor diz saber que existe, sim, aqueles que dedicam sua obra ao mal, mas que não são a maioria. Ele também conta que quando ganhou sua primeira guitarra e apreciava o talento e os solos de grandes músicos, se sentia culpado por ser ‘música do mundo’.
“Toda verdadeira arte (e tudo o mais, se seguirmos Paulo) é para a glória de Deus. Ponto. Seja ela religiosa ou não”, pondera, “sim, podemos ouvir música que não seja “louvor”, pessoal. Melhor um lamento sincero de um blues do que uma fé falsa cantada nessa pseudo, plástica e desnutrida música gospel de hoje. Oh, Yeah!”
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