Usada pela primeira vez em 1992, pelo dramaturgo sérvio-americano Steve Tesich, a palavra “pós verdade” foi escolhida como a palavra do ano pela a Universidade de Oxford, do Reino Unido.
Os estudiosos justificaram a escolha dizendo que ela “deixou de ser um termo periférico para se tornar central no comentário político”.
A instituição britânica assegura que “pós-verdade” é um substantivo “que se relaciona ou denota circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos influência em moldar a opinião pública do que apelos à emoção e a crenças pessoais”.
O jornalismo da rede Globo faz uso constante dessa perspectiva. Uma matéria publicadano portal G1 desta terça-feira (19) assegurava: “Grupo de evangélicas se une para lutar pela legalização do aborto: ‘Nosso direito’”.
No corpo do texto, algumas das entrevistadas diziam que “a criminalização do aborto fere os direitos de liberdade e dignidade de uma mulher”.
A figura principal do movimento “Frente Evangélica pela Legalização do Aborto” é Camila Mantovani, 24 anos, filiada ao PSOL. Ela já apareceu, inclusive, em programas da Rede Globo defendendo que nem todos os evangélicos são contrários ao aborto.
Conforme o G1, o movimento de Camila, que surgiu em São Paulo, “está se espalhando rapidamente para outras cidades do país”. Contudo, não apresenta detalhes sobre quais seriam essas cidades nem cita números que poderiam confirmar a afirmação.
Segundo a ativista, “Fazemos isso com base na nossa fé em Jesus Cristo. Compreendemos que ninguém avança em garantia de direitos nesse país se a disputa de consciência não for travada no campo religioso”.
Ela também assegura que “Os homens que detém o poder político hoje, dentro das igrejas ou fora dela, essas mãos que seguram a bíblia e legislam no congresso em nome de Deus, representam os que historicamente roubam nossos direitos e nossa dignidade. Mas ninguém pode ter o monopólio sobre o evangelho ou sobre Deus. É por isso que insistimos em ser igreja. Porque ninguém vai falar por nós”.
A reportagem do maior portal de notícias do país ouviu também duas outras jovens evangélicas que tem postura em favor da interrupção da gravidez.
Os argumentos de todas são bem afinados com os discursos de movimentos de esquerda e chama a atenção a tentativa de generalização do G1. Tomando o todo pela parte, busca desconstruir a ideia de que existem princípios bíblicos e históricos que mostram tanto o que seria um “cristão evangélico” quanto o propósito divino para a concepção.
Falar em evangélicos pró-aborto é mais um uso da pós-verdade do grupo Globo, algo que sabidamente faz com maestria.