A Liga: programa da Band mostra rotina e testemunho de um missionário ex-homossexual; Assista na íntegra
O programa A Liga da última terça-feira, 23 de julho, teve como tema os contrastes culturais do povo brasileiro, que apesar de unido pelo idioma, é separado pelas inúmeras questões culturais que compõem o mosaico do país.
O programa mostrou, entre outros opostos, um missionário evangélico que se declara homossexual, e um bacharel em direito que atua como drag queen.
O missionário Robson, diz ter sido liberto da homossexualidade através do Evangelho, e é casado há 16 anos, sendo pai de três filhos. “Quando eu andava na rua, me chamavam de gay, mulherzinha, mariquinha e bichona. Hoje não. Passo na rua: ‘Homem de Deus, pregador da Palavra’. Hoje eu sou um ex-gay”.
Valder Bastos, o homossexual, segue na contra mão: “Não existe ex-gay. Eu já fui noivo de uma menina… Eu acho que eu sou um ex-hetero”, afirma.
Para o missionário, a questão do pecado não é só pelo fato do relacionamento entre duas pessoas do mesmo sexo: “Homossexualidade está ligada diretamente à promiscuidade. Todos os homossexuais quando tem a sua oportunidade de trair, traem”, enfatizou.
O travesti rebateu a tese: “Homossexualidade não tem nada a ver com promiscuidade. O Valder é casado, casadíssimo há treze anos”, disse, falando em terceira pessoa.
A narrativa do programa tinha como proposta mostrar as opiniões opostas dos diferentes lados da história. Para o travesti Valder, “Deus inclui, não deixa à margem”. Para o missionário Robson, “a Bíblia condena a homossexualidade”.
“Eles podem conseguir todas as liberações, de tudo. Casamento gay, leis… Mas o amor intenso da sociedade, nunca eles vão ter”, opinou Robson.
Culto
De família evangélica, Valder revelou que tem um irmão pastor, e que frequentava cultos. “Na minha adolescência, eu passei por um momento de ‘será que eu sou, será que eu não sou?’. Tava na descoberta, eu olhava o irmão com desejo. ‘Olha esse pastor, como ele prega, como ele é viril’. E eu, joelho no chão, e [pedia] ‘Senhor, me cura, me cura’. Não me curou”, declarou o drag queen.
Enquanto o programa mostrava cenas do missionário Robson contando seu testemunho de libertação da homossexualidade, uma câmera gravava os comentários de Valder, que assistia à mensagem: “Ele é elegante, terno super bem cortado […] Deus não precisa me libertar, eu sou completamente livre […] Não é com gritaria que vai me convencer de nada”, resumiu.
Valder mencionou que a parte que mais gostava da celebração do culto era o momento de louvor. Enquanto o missionário cantava com os fiéis, a câmera que gravava as reações do drag queen captou suas lágrimas. “Me emociona a fé que as pessoas tem. Ele faz um trabalho de recuperação do ser humano. E não tem absolutamente nada a ver com a sexualidade. A gente pode ter vários gays, inclusive, no púlpito agora. Nossa, vale muito. Então, pra ele, eu tiro a peruca por esse trabalho”, disse.
Tensão
O missionário Robson recebeu Valder em sua casa após o culto, e durante o jantar a conversa foi menos amistosa do que a recepção.
Olhando para o missionário, o drag queen disse: “O Robson, ele é gay”. Questionando a Valder se, então, ele viveria uma mentira, o rapaz ponderou. “Eu não acredito que você viva uma mentira, porque você fala com verdade no púlpito”.
Robson, então, questionou Valder: “É muito difícil pra você crer que eu estou feliz hoje? Você acha que isso é uma coisa impossível de acontecer?”. “Não, não é difícil eu entender que você está feliz. Você se adaptou à situação…” respondeu o drag queen. Robson, neste momento, interrompeu: “Não. Adaptar à situação é mascarar”, afirmou, negando que sua conversão tenha sido de fachada.
A conversa se desenrolou e Valder admitiu não crer em milagres que podem libertar uma pessoa da homossexualidade. “Deus que transforma um gay em hetero eu jamais irei [acreditar], porque isso não existe”.
Outros testemunhos. E mais tensão
No dia seguinte, o apresentador Thaíde, o drag queen Valder e o missionário Robson foram ao encontro de um rapaz que se apresenta como ex-homossexual, e que afirmou ter tido experiências similares ao de Valder, mas que agora vive outra vida.
O debate no grupo seguiu a mesma linha da noite anterior, com Valder defendendo a ideia de que não existe possibilidade de libertação da homossexualidade, e os evangélicos dizendo que suas vidas eram uma prova concreta dessa possibilidade.
No final do dia, num jantar na casa de Robson, uma amiga da família testemunhou sobre o tempo em que sofria preconceitos por ser próxima a ele: “Eu sofri preconceito por ser amiga dele. Eu chorei muitas vezes com ele, porque as pessoas não aceitavam eu andar ao lado de uma pessoa que era ex-homossexual. E me garantiam que ele era um gay”, contou.
Depois da declaração da pastora, Valder se irritou com as frases de “respeito” e “transformação”, e iniciou um bate-boca com Márcia. “Quem é você pra ter verdade?”, questionou o drag queen.
A rotina de Valder
Robson chegou ao estúdio onde o drag queen fazia fotos para uma revista especializada em festas, e admitiu ter ficado chocado quando encontrou Valder vestido com o figurino de travesti.
Conversando com o apresentador Cazé, o missionário afirmou que a homossexualidade é uma coisa “doida”, que abrange várias questões internas de cada pessoa, mas negou enxergar Valder como uma pessoa doente: “Não é adoentado. Ele está num estágio, que é o que eu vivi: ‘Eu to vivendo a minha, vida, é problema meu’. Mas no final, não era bem assim”.
A mãe de Valder, dona Branca, afirmou ter muito amor pelo filho e compreender a opção dele, mas pontuou que as escolhas feitas por ele vão no sentido contrário ao que ela crê. “Deus não aceita. Essa prática, para Deus, é pecado, porque Deus fez o homem e a mulher, e Ele diz: ‘Uni-vos, e procriai-vos’. Eles não tem como procriar”.
Na sequência, dona Branca fez um depoimento íntimo e emocionante: “Há dez anos que eu oro por ele, pra Deus libertar ele”, disse. Nesse momento, o marido de Valder, Carlos, se mostrou incomodado: “A sua fala alimenta o preconceito, afiando uma faca para cortar o pescoço dos homossexuais”. Dona Branca rebateu: “Se eu tivesse preconceito, não tinha vindo morar aqui”.
Assista a íntegra do programa:
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