Movimento jovem busca avivamento para o Brasil
Movimento Azusa é liderado por Fábio Filho, idealizador do projeto.
Em entrevista ao Gospel Prime, Fábio conta sobre seu trabalho no movimento:
Como nasceu o movimento Azusa?
Como diz no livro de Romanos: “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos”, o Movimento Azusa nasceu de um desejo de fazer algo a mais para Deus, não as coisas que estávamos acostumados a fazer – vir para a igreja, ouvir a palavra, cantar, depois ir embora e pronto: acabou. Através da orientação do nosso pastor Galdino veio o desejo, a necessidade em nosso coração, de se fazer algo a mais para Deus. Uma reunião que iria além do tradicional, buscando mudar, renovar e evoluir.
Fomos inspirados no que aconteceu lá na Rua Azusa, em Los Angeles, no ano de 1906. Somos pentecostais e a história da Assembleia de Deus está diretamente ligada a esse abençoado movimento. Como jovens, porém, queríamos trazer algo novo para o nosso tempo, e para a nossa juventude. Desde o início, o projeto Azusa teve como objetivo: evoluir e também propor o desenvolvimento espiritual, individual e social – começando pelo bairro para depois se expandir para o resto de São Paulo. Estamos na região de Santo Amaro/SP (que é uma área comercial) e na igreja sede do ministério ADSA Brasil.
Marcamos uma reunião em um galpão desocupado que havia no estacionamento de nossa igreja. Iniciamos os processos com um período de orações. Não tínhamos culto de jovens na igreja local (em Santo Amaro) naquela época. O que havia era o culto Juadsa – ministerial de jovens: o HINENI. Portanto queríamos estudar uma maneira de reunir a juventude, de trazê-la para perto. Para isso, precisávamos de um espaço, mas não de qualquer espaço. Teria que ser um ambiente diferente da igreja, que atraísse os jovens, que despertasse neles o interesse por meio de um culto diferente do que estamos acostumados a ter.
O espaço que havia (o galpão) precisava de uma bela reforma para ficar com a cara dos jovens. Sem condição nenhuma para dar o start, começamos a orar junto com os jovens, uns 15, todas as semanas, durante seis meses. Nesse tempo, Deus nos deu um nome – Galpão Azusa – e foi despertando os jovens. Ele abriu portas de emprego aos desempregados; abençoou com promoções os já contratados; tocou o coração dos pais (que começaram a doar: tintas, ofertas), e assim fomos conseguindo deixar o local do jeito que a gente queria. Pintamos (com direito a grafite), compramos equipamentos de som, de iluminação, uma bateria, reformamos o piso, ganhamos um teclado via oferta, além de o pastor presidente da igreja, Galdino Junior, sempre nos apoiar também nos ajudou ofertando as cadeiras.
Na época, já tínhamos a data de inauguração do nosso galpão marcada. As divulgações já estavam sendo feitas nas redes sociais convidando os jovens, mas para sentar o que havia eram somente uns bancos velhos e de madeira – que já estavam há anos no galpão. As cadeiras doadas vieram de Jaú, interior de São Paulo. Para piorar, vivíamos o período da grande greve dos caminhoneiros. Estávamos aflitos sobre como iríamos acomodar as pessoas. O que fizemos? Jejuamos, oramos e no dia da inauguração, às 16h, chegou o caminhão com as abençoadas cadeiras. Vimos ali um grande milagre de Deus, vimos ali a fagulha, o nascimento de todo o projeto Azusa – Juadsa Matriz
Qual o propósito principal deste movimento?
O propósito principal é despertar na juventude a busca pelo avivamento. Avivamento não é só falar em língua estranha. Avivamento não é só chorar durante um louvor ou pregação no culto. Avivamento é muito mais do que isso. Alguns dias atrás nós fizemos algumas lives com o tema: O Avivamento Começa em Casa. Para nós, o avivamento começa com os pais; no bom exemplo na escola; no comportamento no trabalho; na intimidade com Deus. Logo: o principal objetivo deste movimento se tornou o de despertar na juventude o quanto ela quer ser mais em Deus, o quanto ela pode fazer mais para Deus, instigar a necessidade de alcançar os amigos, os familiares, a importância de pregar para Jesus. Mas havia um obstáculo: como os jovens fariam isso não havendo a chama do avivamento na alma e no coração?
Justamente por isso que o projeto se iniciou com a oração, sendo até hoje isso o que a gente prioriza. Quando nós nos reunimos às sextas-feiras, nós tiramos períodos para a oração; nós temos reuniões online, reservamos momentos para ir ao Monte com os jovens, enfim: sempre buscando proporcionar a eles a oportunidade de desenvolver uma experiência real com Deus. E é estando cheio desse avivamento que eu posso: orar pelo enfermo; sair na rua e evangelizar; eu posso fazer a diferença. Então o principal propósito foi este: de despertar na juventude da Assembleia de Deus, da qual nós representamos, que Deus tem algo muito maior pra todos, que vai muito além do: vir ao culto e se assentar no banco. E, com a graça de Deus, nós temos alcançado esse propósito através desse movimento. Com o despertar da juventude, nós demos início a vários projetos, entre eles: um Ministério de Louvor, voluntariados atuando na mídia, na projeção, no som, na recepção, montamos uma equipe e evangelismo, de interseção e outros. Sempre recebendo os acompanhamentos dos nossos pastores.
Atualmente, quantos jovens estão envolvidos?
Nós temos uma média de 150 jovens envolvidos diretamente. São jovens que atuam conosco nas nossas reuniões, nos nossos movimentos, no evangelismo, na oração, no monte, no trabalho social. Indiretamente, o número é maior: cerca de 250 jovens. Mesmo estes não estando ligados diretamente ao grupo, eles são bastante assíduos, pois participam do evangelismo, das reuniões, dos cultos e dos encontros sempre que têm.
O movimento teve apoio da igreja quando foi implantado?
Sim. Inclusive a primeira pessoa a que nós apresentamos o projeto foi o presidente da igreja, o Pr. Galdino Jr. Acredito que por ser jovem e visionário, desde o início ele nos deu toda a liberdade para que este trabalho fosse adiante. Se não fosse a cobertura espiritual dele, o projeto dificilmente teria saído do papel. Por isso ele foi fundamental e segue como referência para a nossa juventude. Inclusive, no dia da inauguração e no aniversário de 1 ano go Galpão Azusa, o pastor não só esteve presente com a esposa, Prª Liliana Lima, como fez questão de ministrar a palavra.
A igreja, sim, apoiou, mas também enfrentamos algumas dificuldades. Por exemplo: nós somos a Assembleia de Deus, com nossa igreja sendo fundada no ano de 1951. Temos muitos irmãos antigos, anciões, que não entenderam a proposta de um projeto que contém: parede preta, uso de barris, culto ora com luz apagada, ora com luzes coloridas, grafite etc. Houve uma certa resistência por parte deles, sim, assim como por parte de alguns jovens – que não eram acostumados com este tipo de movimento –, mas a base da igreja, que é composta por pastores, na sua maioria apoiou e ainda apoia projeto. Estamos debaixo da nossa liderança através de um pastoreio que nos acompanha. E se não fosse isso, não teria dado certo.
Atualmente, durante a pandemia, algumas mudanças ministeriais aconteceram na igreja. Entre elas, o Pr. Marcelo Cerqueira assumiu o templo matriz como pastor local. Posso afirmar que ele veio como reforço espiritual de avivamento para este projeto e para a nossa juventude. Ele é alguém que carrega essa chama, esse avivamento. É alguém que vive em oração, em monte e não à toa falamos que ele é um pastor sobrenatural, já que desenvolve outro projeto abençoado em nossa igreja: a Quinta-Feira do Sobrenatural – um culto de curas, milagres e libertações. Trata-se de uma grande referência. E esse apoio, junto com o do pastor presidente Galdino, nos fortalece e segue nos fortalecendo cada vez mais.
Como quebrar as barreiras entre gerações para obter esse apoio?
A Bíblia diz que: “os sinais seguirão aqueles que creem”. Então nós cremos no avivamento, nós cremos no poder de Deus. E a forma de forma de quebrar essa barreira é através dos sinais, sempre respeitando cada geração. Nós vivemos em uma outra época, em um outro mundo. Precisamos marcar a nossa geração assim como no passado nossos lideres e pastores marcaram a deles. Com resultado do trabalho em vidas transformadas, com pessoas salvas, com bons testemunhos, nós conseguimos quebras essas correntes.
As pessoas podem criticar o culto com a luz apagada, podem criticar que há fumaça na igreja, que há o jovem de camiseta, cabelo curto ou com tatuagem, podem murmurar sobre o líder ou o pastor com calça jeans, enfim: podem criticar a estética, mas o resultado espiritual não, pois ele é inquestionável.
Quando você faz um evangelismo ou um culto na praça, na rua, quando você faz um trabalho de capelania, quando você desenvolve um trabalho social, as pessoas vão identificar que aqueles jovens têm um compromisso real com o Reino. Por isso primeiramente precisamos apresentar os sinais (os resultados) para aí depois conseguir quebrar tamanhas barreiras. Caso quiséssemos buscar atingir esse objetivo só na conversa, no falatório, não daria certo. E uma das coisas que eu tenho falado para as pessoas é que o Evangelho não vive de média. Ou você é, ou você não é. Ou você faz, ou você não faz. Não tem como fazer de qualquer jeito. É aí que atingimos o mover de Deus e transformamos vidas.
Ouvir de um pai que ele próprio não sabe o que está acontecendo com a filho (a) dele, pois ele (a), que nem lia a Bíblia, hoje dedica um tempo para leitura do Livro Sagrado, ouve louvores, tira um momento devocional, é maravilhoso. Não tem preço!
Qual o maior desafio em incentivar os jovens para se envolverem mais com o Reino de Deus?
O maior desafio é mostrar para eles que o Reino de Deus vai além da placa da igreja, do culto. Que o Reino de Deus é tudo e que está em todo lugar. O Espirito de Deus é um elemento, Deus é outro e ambos querem se relacionar conosco. Mas como se relacionar com eles se eu não entendo o verdadeiro significado do que representa o Reino? Como viver o sagrado se eu não entendo que Deus quer se relacionar comigo como um pai, como um amigo e não como um juiz?
Primeiro: Ele me ama. E a maior prova desse amor foi o sacrifício do filho dEle na cruz do calvário. Para eu me sentir completo, para eu não ser levado a um vazio existencial, para eu não ser levado pelo sentimento de fracasso, de derrota, de não me curvar diante das tentações do dia a dia, das fraquezas humanas, eu preciso me agarrar nEle. E para estar com Ele, eu preciso estar envolvido com o Reino.
Aí alguns podem se perguntar: como eu me envolvo no Reino? Estando perto dEle através do grupo de estudos da igreja, se envolvendo com pessoas que têm objetivo e que fazem parte deste Reino falando de vida, de amor, enfim: que caminham para o cumprimento da vontade de Deus. Esse é o meu grande desafio, pois o jovem que adquire essa visão se envolve, quer estar mais perto de Deus. E para se envolver nas questões espirituais ele não precisa parar o trabalho, o estudo, pois dentro de qualquer camada da sociedade eu consigo pregar, demonstrar e espalhar o Reino de Deus. E quanto mais próximo do Reino eu estou, mas distante fico do vazio, da angústia, das preocupações e de todo o mal eu fico.
Quais as atividades que estão desenvolvendo atualmente?
Devido à pandemia, alguns projetos nossos foram pausados. O nosso plano é estar com pessoas, é abraçar, é cuidar, é amar. Com essa crise mundial, houve a necessidade do distanciamento social. E isso para os jovens é algo muito forte, pois eles se afastam de quem está perto e se aproximam de quem está longe. Com as igrejas fechadas, o culto passou a ser online, o que por um lado é muito bom, mas os afastou o âmbito da igreja e acabou paralisando alguns projetos.
Durante esta pandemia, desenvolvemos alguns projetos, por exemplo: o Garotas com Sabedoria, liderado pela Kely Midiã (minha esposa) e pela Queila Massine (líder da Juventude), que nada mais é do que um grupo de estudos semanal, presencial, que aborda mensagens de cura emocional, de aconselhamento, de cuidado especial com as meninas abordando vários assuntos, como: comportamento, decisões e empoderamento pelo Espírito Santo.
Também desenvolvemos um trabalho de evangelismo no hospital Regional de Santo Amaro, com louvor e oração. Fizemos atos proféticos nas ruas, em frente a alguns prédios próximos à igreja, pelas famílias. Marcos Custódio (também líder da juventude) e eu fizemos lives onde abordávamos variados temas, que iam de relacionamento a chamados. Desenvolvemos um curso de capelania para incentivar os jovens e formar novos discípulos. Considero esse um trabalho fundamental para mostrar aos jovens como funcionam nossos trabalhos, como o de capelania. Participamos do maior evento de jovens cristãos do mundo, envolvendo mais de 100 países, o GKPN (Global Kingdom Partnership Network – cuja tradução livre seria: Rede Global de Parcerias do Reino). Iniciamos o projeto Clube do Livro, para incentivar a leitura na juventude. Nele, uma vez por semana nos reunimos online para discutir um capítulo específico do livro da vez. Também houve reuniões com grupos de estudo e de oração: online, presencialmente e no monte.
Por que tantos jovens têm um pensamento crítico sobre a religião organizada?
Existem igrejas que foram fundadas há muitos anos, conforme os costumes da época. Naquele período o mundo era outro. A mentalidade dos jovens de hoje é totalmente diferente da dos jovens dos anos 2000, e mais ainda daqueles que congregavam nas décadas de 90, 80, 70. só que algumas igrejas não mudaram no que diz respeito aos costumes. A doutrina segue intacta, já que ela nunca muda – o que era pecado no período de Adão e Eva segue como pecado até os dias de hoje. Porém quanto aos costumes, o processo é diferente, pois variam de acordo com o local e período. Hoje é possível você ser um jovem moderno e cheio da presença de Deus. Hoje é possível você ser um jovem formado em tecnologia e ter suas convicções em Cristo, em Deus.
Alguns olham para este tipo de igreja e a criticam, porque eles não entendem essa visão proibitiva para tentar amenizar nas questões espirituais. Por outro lado, temos uma nova igreja na qual nada para ela é pecado. E para mim, este é o grande desafio: ser o meio termo, alcançar o equilíbrio. Os princípios são inegociáveis, pois pecado é pecado, uma transgressão à Palavra de Deus, que pode nos levar a uma condenação.
Existe esse pensamento crítico, como existe o pensamento liberal. E o nosso papel hoje como Assembleia de Deus Ministério em Santo Amaro, seguindo a visão do nosso pastor Galdino Júnior, é justamente este: o de nos ensinar a ser jovens, crentes, modernos e não mundanos. É isso o que nós pregamos e ensinamos, pois é nisso o que acreditamos. Por ter uma igreja tão liberal, esses jovens olham para a igreja que tenta se manter nos costumes como uma instituição ruim, desnecessária. Paulo disse: “Tudo é lícito, mas nem tudo me convém”. Deus nos deu a oportunidade de plantar o que nós queremos plantar, porém só vamos colher aquilo o que plantamos. E quando chegar o momento da colheita, não haverá do que essa pessoa reclamar.
De que forma trabalha para mudar essa mentalidade crítica da religião?
Mostrando que o evangelho, que o Cristianismo e que Deus não são uma religião. Não somos religiosos. Hoje as pessoas têm uma mente mais aberta sobre o cristianismo. Recentemente, participei das gravações de uma série da Netflix na qual eles buscavam por pessoas evangélicas para também participar. Como me solicitaram, eu indiquei alguns jovens. Então eles pediram para eu avisá-los para virem da forma como normalmente vêm à igreja. E assim foi feito.
Chegando no dia da gravação, os organizadores ficaram de boca aberta e indignados, pois não imaginavam que os nossos jovens estariam vestidos com calça jeans, camiseta, e que nossas jovens estariam com brincos, cotovelos à mostra, maquiadas etc. Na sequência, a moça responsável pela seleção me chamou num canto e indagou: “Eu não falei pro senhor que era pra (sic) eles estarem vestidos como quando vêm pra (sic) igreja?”. E eu respondi: “Mas é assim que eles vêm pra (sic) igreja!”. Ela, surpresa, respondeu: “Nossa, dessa forma?! Então as coisas mudaram mesmo na igreja, hein?”. Achei o episódio interessante porque a partir dali eles passaram a enxergar que ser cristão é, sim, ser uma pessoa normal. E sem querer, querendo, acabei indiretamente pregando para eles.
Praticamos esporte, trabalhamos, estudamos, dançamos, pulamos, gritamos, temos as nossas festas, os nossos shows, logo: a forma que temos para mudar esse pensamento é mostrando o quão somos iguais, porém com princípios. Eu sinto uma paz dentro de mim. Eu entendo que entre as coisas que o mundo pode me oferecer: nada é maior do que a presença de Deus. Ser cristão não é ficar fechado num quarto, entre quatro paredes, e ignorar o que acontece no mundo. Ser cristão é você se posicionar, pois Deus tem várias formas de trabalhar. De repente a pessoa critica o cristianismo por causa de uma determinada igreja por que não entende que nenhuma igreja é igual a outra. Certamente haverá alguma igreja com que essa alma irá se identificar, pois este será o lugar escolhido por Deus para se revelar para ela. Ele não quer mandar na minha vida como um patrão. Ele me ensina como ser uma pessoa melhor. Revela caminhos por onde eu não irei me destruir. É isso o que faz me sentir igual, mas com um brilho diferente. Não é roupa ou o que eu ouço que me faz diferente do mundo. O que me torna diferente é o que está dentro de mim. E é através desse pensamento que revelamos o verdadeiro cristianismo. É indo por esse caminho que vidas serão transformadas. Eu creio!
Serviço:
Movimento Azusa
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